Papel dos homens na equidade de gênero dentro das empresas

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Qual o papel dos homens na equidade de gênero nas empresas?

Esse é um questionamento que vez ou outra surge, seja nos eventos, dentro das empresas ou em outros espaços: qual é o papel dos homens na busca pela equidade de gênero, especialmente dentro das empresas? 

Você já deve imaginar que não existe uma resposta única para essa pergunta, mas conforme fui me integrando mais à discussão de equidade dentro das organizações, em especial por conta da minha posição na Mulheres no Comando, fui percebendo que os homens aliados das pautas de gênero fizeram ou estão fazendo um caminho parecido, que compartilho com vocês a seguir. 

Mas antes, se você ainda não ouviu, o segundo episódio do podcast “Diálogos de Equidade” já está disponível no Spotify e no YouTube

Dessa vez a minha conversa foi com o Bruno Scarpa, diretor comercial da Barry Callebaut na América do Sul, e nosso bate-papo foi justamente sobre a participação dos homens na pauta da equidade de gênero nas empresas. 

Por que ser um aliado na pauta de equidade de gênero na sua empresa?

Bom, em primeiro lugar, é importante compreender que a equidade de gênero é um primeiro passo para que possamos alcançar a igualdade entre todas as pessoas, e isso é bom para todo mundo. Afinal, não são só as mulheres e outras identidades femininas que são afetadas pelos estereótipos de gênero.

No mercado de trabalho, assim como em outros espaços da vida pública, a trajetória de mulheres é dificultada por conta dos papéis de gênero, mas esses papéis também trazem sofrimento para homens que não correspondem a um ideal de masculinidade.

Por isso, talvez o primeiro movimento para um homem se tornar aliado da pauta de equidade de gênero seja justamente olhar para a própria masculinidade e desconstruir alguns pontos. Depois, seguir os passos abaixo se tornará apenas consequência. 

Passo a passo para agir pela equidade de gênero nas empresas

Se você é um homem e já se perguntou qual é o melhor caminho para se tornar um aliado quando o assunto é equidade de gênero nas empresas, os passos a seguir são pra você.

1. Tomando consciência 

O primeiro passo para se tornar um aliado pela equidade de gênero é se autoeducar em relação à pauta de gênero e de diversidade e inclusão como um todo. Isso envolve uma reflexão sobre as desigualdades existentes entre homens e mulheres na sociedade e o reconhecimento do papel que os homens desempenham nesse sistema.

Reconhecer os próprios privilégios e refletir sobre as suas atitudes e comportamentos em relação às mulheres é um ponto chave. Para iniciar esse processo, o caminho mais indicado é procurar fontes diversas e confiáveis para ter uma visão ampla sobre o assunto, incluindo livros, documentários e artigos, como os publicados no blog da Mulheres no Comando. 

2. Ouvindo as mulheres com atenção 

A partir de uma tomada de consciência, também é importante compreender a realidade e as angústias das mulheres à sua volta. Especialmente quando falamos do universo corporativo, existem problemas que se replicam em diversas estruturas. Mas também existem singularidades de cada setor e empresa que podem ser exploradas dentro de um time. 

Atenção! Não vale pular o primeiro passo e esperar que pessoas diversas eduquem você sobre tudo. Os saberes sobre diversidade, inclusão e equidade demandam muita energia intelectual e muitas vezes envolvem dores emocionais. Por isso, antes de levantar uma pauta com a equipe, garanta que você já está a par dos desafios que serão enfrentados.

3. Abrindo mais espaço para as mulheres

Abrir espaço para as mulheres significa proporcionar espaços seguros para que os problemas de gênero sejam trazidos à tona. Isso pode acontecer de diferentes maneiras, mas se você é um líder homem, sua participação nesse processo pode ser fundamental.

Leia também: a importância de espaços seguros para as mulheres

Além disso, vale se perguntar quantos dos maiores projetos da sua área são tocados por mulheres ou outras pessoas diversas. Permitir que as pessoas colaboradoras assumam projetos desafiadores também é uma forma de incentivar a trajetória delas. 

4. Valorizando as mulheres da equipe

Valorizar as mulheres da sua equipe é um trabalho de todos os dias. Você sabia que pessoas diversas costumam receber menos feedback positivos em relação à atuação profissional? Prestar atenção na forma como as pessoas são tratadas e valorizadas dentro da equipe é fundamental. 

Nesse item, vale sempre ter atenção especial à forma como as narrativas são construídas. Muitas vezes, na ânsia de se mostrarem aliados da pauta, homens e mulheres constroem argumentações que, em uma análise mais profunda, acabam reforçando estereótipos. 

Justificar a contratação de mulheres com argumentos como “elas são mais sensíveis”, “elas são mais organizadas” ou “elas são multitarefas”, não é o melhor caminho. Em especial porque nenhuma generalização consegue dar conta do que é, em última instância, ser uma mulher. E, como você deve imaginar, o “nem todo homem” vale também para as mulheres.  

5. Incentivando a ascensão profissional

Muitas vezes, em um processo de início da valorização da diversidade, as empresas começam a contratar profissionais diversos para compor as equipes e isso é muito bom. Mas, por outro lado, é comum que as organizações não tenham um olhar apurado para a equidade e tratem as pessoas diversas apenas como base da pirâmide. 

Ser uma pessoa alinhada à pauta da equidade também significa possibilitar a ascensão profissional de mulheres e outras pessoas diversas, reconhecendo o potencial e incentivando o desenvolvimento de habilidades, quando necessário. 

Leia também: barreiras para a liderança feminina, como superá-las

6. Promovendo mudanças institucionais

Muitas vezes, os homens estão ocupando cadeiras que tomam decisões importantes organizacionalmente. Por isso, um homem aliado das pautas de equidade de gênero pode se envolver com a defesa de políticas de licença parental igualitárias, flexibilidade no local de trabalho e uma cultura organizacional que valorize tanto o trabalho quanto as responsabilidades familiares.

Em resumo, qualquer pessoa que esteja buscando maior aproximação com a pauta de gênero está em uma das três fases: em sensibilização (itens 1 e 2), atuando em tímidas ações (itens 3,4 e 5) ou no advocacy da pauta (item 6).

Dialogue com outros homens sobre a pauta da equidade de gênero

Você já deve ter percebido que ao chegar em um ambiente completamente novo, o nosso cérebro busca encontrar familiaridades e isso vale também quando o “algo novo” não é um espaço físico, mas uma temática. Infelizmente, muitas pessoas ainda são reativas quando o assunto é ouvir um ponto de vista diverso. 

É nesse cenário que os homens desempenham um papel crucial na equidade de gênero dentro das empresas ao se educarem, reconhecerem seus privilégios, agirem como defensores e promotores da igualdade de oportunidades, liderando de forma inclusiva e promovendo um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal.

Além disso, homens são a imensa maioria nos conselhos e cargos C-level, por isso, chamar os homens para a conversa é também uma atitude estratégica. Ao se alinharem à pauta, os homens contribuem para a construção de organizações mais justas e igualitárias para todas as pessoas colaboradoras. 

Leia também: empresas mais inclusivas, equipes mais felizes

Não é à toa que a pauta da equidade de gênero está chegando em empresas de diferentes áreas. Cada vez mais, a pluralidade tem se mostrado uma aliada para a criatividade e para a resolução de problemas complexos. 

Se a equidade de gênero ainda não faz parte da estratégia da sua empresa, eu e a Mulheres no comando podemos ajudar com isso!

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