“Diversity is being invited to the party, inclusion is being asked to dance”, essa é uma das metáforas mais populares no universo da diversidade e inclusão e foi criada pela Vernā Myers, especialista em inclusão e autora de livros sobre o tema.
Em uma tradução livre: “diversidade é ser convidado para a festa, inclusão é ser chamado para dançar”. E dançar tem tudo a ver com o nosso tema de hoje: empresas inclusivas são mais felizes. Especialmente para profissionais mais jovens, ser feliz no ambiente de trabalho é o maior benefício que se pode ter.
De acordo com o relatório workmonitor, da Randstad, empresa de RH, 56% dos funcionários entre 18 e 24 anos já pediram ou pediriam demissão se o emprego os impedisse de viver a vida plenamente.
Mas não é só com a rotatividade de pessoas colaboradoras que as empresas precisam se preocupar. Pessoas felizes no trabalho também são mais produtivas, colaborativas e inovadoras. Além disso, lideranças em empresas mais diversas tendem a se superar na promoção de confiança e na execução do trabalho em equipe.
Inclusão, felicidade e sucesso financeiro
A pesquisa Diversity Wins, realizada pela McKinsey & Company em 2020, fala sobre o estado da diversidade em empresas da América Latina. Conforme o relatório, empresas que adotam a diversidade como estratégia de negócio tendem a superar outras empresas em diversos aspectos, inclusive financeiros.
Olhando para os dados de empresas dos Estados Unidos e do Reino Unido, o estudo concluiu que companhias com mais de 30% de mulheres no corpo executivo têm mais probabilidade de ter um ganho financeiro acima da média. O mesmo vale para empresas com representatividade étnico-racial, LGBTQIAPN+, de pessoas com deficiência, de diferentes faixas etárias e tantas outras minorias do mercado de trabalho.
Mas para que os números estejam ao lado das empresas, é necessário chamar para dançar, não só convidar para a festa. Em outras palavras, a inclusão verdadeira precisa ser praticada todos os dias, em toda a jornada das pessoas colaboradoras, e precisa ser monitorada com métricas específicas.
A diversidade nas empresas precisa ser um assunto sério e de preferência, constar nas metas de negócio, afinal, a inclusão de pautas e pessoas pode alavancar um negócio.
Como investir em inclusão pode transformar a sua empresa?
O Brasil é reconhecido internacionalmente como o país da diversidade, esse reconhecimento, apesar de muito bonito, é também muito contraditório. Afinal, ainda estamos caminhando no quesito inclusão. E como você já sabe, uma coisa depende da outra.
Conforme os dados do IBGE em 2022, a população negra corresponde a 55,8% dos brasileiros e as mulheres são 51,7%. Mesmo assim, as pessoas negras e as mulheres, vão se extinguindo no quadro de colaboradores conforme vai aumentando a senioridade dos cargos.
Garantir a inclusão dentro no universo do trabalho é uma forma de buscar uma mudança nessa estrutura, garantindo equidade, para que todas as pessoas possam ter as mesmas chances de chegar no lugar onde almejam profissionalmente. Mas quer saber como a inclusão pode fazer o seu negócio mais forte? Confira:
Pensamentos diferentes geram inovação
Uma pergunta importante a se fazer, mesmo ao olhar para dentro da sua organização, é: quem é que consome os seus produtos? Grandes empresas, que produzem para um grande público, precisam de pessoas diversas em todos os espaços do negócio.
A forma como cada pessoa constrói suas narrativas é importante. Afinal, pontos de vista diferentes sempre contribuem para uma melhor compreensão do todo. Se uma empresa preza por inovação, ela necessariamente deve prezar pela diversidade.
Uma pesquisa divulgada pela Accenture mostrou que empresas que investem em D&I são 11 vezes mais criativas e arrojadas.
Equipes diversas são mais engajadas
Empresas inclusivas proporcionam um sentimento às pessoas colaboradoras que é impagável: o senso de pertencimento. Quando uma empresa abre as portas para a diversidade, ela está dando o primeiro passo, mas é só com as políticas de inclusão que a transformação acontece.
Em um primeiro momento, é necessário que a empresa esteja preparada para gestão de conflitos e formação das pessoas colaboradoras para a diversidade, mas aos poucos a inclusão passa a fazer parte da cultura do negócio.
Mais produtividade e performance
A diversidade promove aprendizados acelerados. Quando em contato com diferentes culturas, o conhecimento se amplia e é assim que as equipes diversas conseguem resolver problemas muito complexos em pouco tempo: compartilhando saberes.
Para criar soluções inovadoras, os profissionais do mercado hoje precisam ter a habilidade de adicionar a perspectiva do outro na análise do problema, garantindo soluções que só podem ser imaginadas a partir da convivência com o diferente.
Employer branding de milhões
As companhias que investem verdadeiramente em inclusão costumam ter profissionais mais engajados e colaborativos, atuantes pela marca dentro e fora da empresa. É assim que nasce a nova forma de fazer employer branding, ou seja, as novas estratégias de marca empregadora.
Em vez de investir muito dinheiro fora da instituição para alcançar e conquistar talentos, empresas diversas vendem o seu peixe através do que falam e compartilham as próprias pessoas colaboradoras.
Especialmente no universo da tecnologia, é cada vez mais comum a circulação de informações sobre o ambiente interno das empresas, podendo assim se tornar uma love brand ou uma empresa com péssima reputação em questão de meses.
Medidas práticas para garantir a inclusão nas empresas
Para além de abrir as portas para a diversidade, seja investindo em vagas afirmativas ou em parcerias estratégicas, é importante garantir a permanência e a ascensão de pessoas diversas dentro da companhia. Hoje separei alguns pontos importantes para o acompanhamento dentro das metas de negócio, que podem trazer ótimos frutos e garantir a felicidade dentro da empresa, olha só:
A representatividade é poderosa!
Uma das medidas mais importantes e com maior impacto, é promover o crescimento profissional de talentos diversos, garantir que essas pessoas ocupem funções executivas, gerenciais, técnicas e de conselho.
O estudo realizado pela McKinsey & Company, que já citei acima, encontra um vínculo claro entre a existência de diversidade na gerência e a saúde e performance da organização.
Para que isso realmente ocorra, um plano de Diversidade e Inclusão é necessário, a elaboração de metas baseadas em dados e a definição de prioridades são as chaves para que esse plano funcione.
Liderança eficaz, time feliz.
A diversidade não estará no centro se as lideranças não estiverem envolvidas e comprometidas com a estratégia, por isso, as lideranças devem ser posicionadas como promotores da diversidade, sendo guiadas por metas e objetivos.
No estudo, colaboradores de empresas percebidas como comprometidas com a diversidade apresentaram probabilidade 80% maior de afirmar que suas lideranças promoviam confiança e diálogo aberto e 73% mais chances de ter relatos de uma cultura de lideranças com foco no trabalho em equipe.
Esses são pontos importantes, que impactam positivamente no comportamento das pessoas dentro de um time.
Justiça e transparência como ferramentas.
Para que a organização esteja alinhada com as estratégias de diversidade, é importante demonstrar que ela não está presente apenas no discurso, mas também na ação.
É necessário garantir condições equitativas de oportunidade de crescimento, treinamento e desenvolvimento de profissionais, de forma transparente e colaborativa, contribuindo assim para que toda a organização esteja comprometida com a pauta de diversidade.
Enfrentamento e empoderamento.
Infelizmente as ações de enfrentamento aos comportamentos discriminatórios serão necessárias no processo de implantação de uma política de diversidade. Para, por um lado, garantir o empoderamento de pessoas diversas, por outro lado, é necessário coibir alguns comportamentos.
Cada companhia, em sua realidade, deve capacitar e investir em treinamentos que ajudem ativamente lideranças e colaboradores a identificar e lidar com discriminações no ambiente de trabalho.
Também é necessário que se estabeleça normas claras e ambientes seguros e acolhedores que possam receber e lidar com denúncias, como ouvidorias e grupos de afinidade, que podem contribuir para o fortalecimento das pautas.
Fortalecer o pertencimento apoiando a diversidade
Aquele velho mito de que vida pessoal e vida profissional não se misturam já não se sustenta mais. É senso comum que a integralidade de toda pessoa é importante para garantir uma vida digna no trabalho.
Não é possível deixar de pensar sobre gênero, orientação sexual, raça e outros fatores por estar em horário ou local de trabalho, os marcadores sociais continuam atuantes em cada pessoa e as organizações precisam estar prontas para reconhecer e empoderar pessoas que fazem partes de grupos diversos, apoiando e fortalecendo suas individualidades, para assim criar um ambiente de pertencimento.
O fim dessa separação também contribui para o engajamento real entre as pessoas do time e permite com que toda pessoa contribua com as soluções sem medo.
Vale lembrar que toda companhia que se pretende diversa precisa investir tempo e recursos para desenvolver ações concretas nessa direção. Para contribuir com o desenvolvimento de mulheres, seja para cargos de liderança ou para posições estratégicas, conte com o Mulheres no Comando!