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Barreiras da Liderança Feminina: como superá-las

Que as mulheres têm que enfrentar mais barreiras que os homens, isso não é novidade. Mas quando falamos sobre barreiras na liderança feminina, você sabe quais são e como podem ser superadas? Neste artigo, trago estratégias que irão permitir que as mulheres enfrentem esses obstáculos e assim se destaquem dentro das empresas.

Apesar dos esforços por ambientes de trabalho mais igualitários, a diferença entre homens e mulheres em cargos de liderança ainda é muito grande, o que reforça a importância de lutarmos pela equidade de gênero. De acordo com o relatório apresentado pela Grant Thornton, o número de mulheres em cargos de liderança em 2022 é de 38%, mostrando uma queda de 1% quando comparado com 2021 (39%). Apesar da queda, de 2019 para cá, onde as mulheres ocupavam apenas 25% das cadeiras de liderança, tivemos um aumento de mais de 10%, mas ainda estamos longe de chegarmos a pelo menos 50% de mulheres em cargos de alta gestão.

Esses números reforçam uma das principais barreiras enfrentadas pelas mulheres: pouca ou nenhuma oportunidade de ocupar cargos de liderança. Porém, através do aperfeiçoamento dos pontos fortes das mulheres, dando a elas ferramentas e confiança para acreditarem em si e em seus sonhos e divulgando a importância da equidade de gênero, poderemos mudar esse cenário e passar a ver cada vez mais mulheres na liderança.

Principais Barreiras na Liderança Feminina

Mesmo com todos os desafios, nos últimos 50 anos, vimos os avanços e a superação das profissionais mulheres para que pudessem ocupar posições de liderança. Mas, ainda existem muitas barreiras que precisam ser quebradas para que as mulheres possam avançar ainda mais.

Estereótipos e vieses de gênero

Estereótipos e vieses de gênero influenciam muito na relação das mulheres com o ambiente profissional. Devido ao contexto social e cultural em que são criadas, elas não são estimuladas e logo, não se sentem confiantes o suficiente para que tenham coragem e ousadia para arriscar.

Ensinadas a sempre buscar a perfeição, servir, agir com cautela e não incomodar, as mulheres sofrem com as pressões a que são expostas desde muito cedo. E com isso, criam barreiras internas que as impedem de ousar,  e consecutivamente progredir profissionalmente.

Já os homens, desde meninos, são incentivados a ousar, fazer mais, a acreditar em si, em sua força e capacidade de correr riscos e alcançar ótimos resultados.

Os reflexos desses vieses cognitivos impostos para as mulheres aparecem no início de carreira quando se sentem menos confiantes e suficientes para se aplicar a vagas ou mudar de emprego. Quando já empregadas, elas demoram mais e não se sentem suficientes o bastante para pedir aumentos salariais e promoções.

Segundo Mara Olekalns, em um artigo da Harvard Business Review, as mulheres evitam avançar na carreira por falta de confiança e medo da reação dos outros.

Porém, chegar a um cargo de liderança não quer dizer que os problemas diminuirão. As mulheres que superam os desafios e se tornam líderes seguem se deparando com o preconceito de gênero e os estereótipos que atuam contra as suas atuações no mercado de trabalho.

E mais uma vez, a cultura e criação refletem em uma expectativa de que as mulheres líderes sejam submissas, sempre cautelosas, falem baixo, não se posicionem e peçam ajuda. Quando agem diferente e se impõem, aumentam o tom de voz e agem de maneira mais assertiva, são consideradas agressivas, “loucas” ou despreparadas. Em contrapartida, quando essas mesmas atitudes partem dos homens, eles são vistos como protetores, fortes e diretos.

Agindo fora do padrão esperado, elas sofrem reações negativas. Mas, ao mesmo tempo, caso sejam muito compassivas, pacificadoras e calmas, são consideradas fracas e não aptas para o trabalho de líder. Isso apenas reforça a grande barreira que os estereótipos causam na ascensão profissional das mulheres.

Sexismo

Assédio sexual, “piadas e brincadeiras”, ambientes de trabalho desiguais, interrupções durante a fala de uma mulher entre outras, são o reflexo do sexismo.

Velado ou aberto, o sexismo é uma outra barreira enfrentada pelas mulheres que estão ou desejam alcançar cargos de liderança.

Todas essas situações abusivas, causam além de desconforto, um grande desgaste mental, desânimo, frustração, sentimento de injustiça e uma percepção de não pertencimento entre as mulheres.

Essas atitudes preconceituosas que dificultam que as profissionais mulheres consigam ter respeito no ambiente de trabalho e assim subir de cargo, deixam claro que precisamos urgentemente mudar as estruturas sociais que favorecem os homens e causam danos às mulheres.

Como resultado do sexismo, vemos empresas com lideranças majoritariamente masculinas, e mulheres que se sentem acuadas. Porém, para que isso mude, precisaremos cada vez mais de mulheres dispostas a romper com essas ideias e suposições erradas sobre suas capacidades e habilidades de liderança.

Barreiras Estruturais e Preconceito de Gênero

A soma das barreiras citadas acima, gera na vida das mulheres novos tipos de barreiras, as chamadas “estruturais”, que também atuam em detrimento da ascensão profissional das mulheres que desejam ocupar cargos de liderança.

Falta de Referências Femininas e Rede de Apoio

Com o domínio majoritário dos homens atuando e liderando os ambientes de trabalho, as redes femininas que poderiam servir de apoio para novas futuras líderes, são restritas.

Esses que poderiam ser ambientes de desenvolvimento, aperfeiçoamento e encorajamento para as mulheres, são poucos e mais uma vez vemos a diferença entre homens e mulheres, sendo que, para líderes homens, as oportunidades de participar e ter o apoio de mentores e líderes é bem maior.

E tendo passado por essas dificuldades durante minha carreira, além de ter criado a Mulheres no Comando, criei o Programa de Formação de Mentoras, um programa pensado em todas as dificuldades que as mulheres passam, com o intuito de capacitar cada vez mais líderes a se tornarem mentoras. Só assim, poderemos ter ambientes de trabalho mais inclusivos e igualitários.

“Proibido Mulheres”

Se quando criança existia o “clube da Luluzinha” x “clube do Bolinha”, essa ideia de segregação entre gêneros, muitas vezes se replica no ambiente profissional, onde os homens fazem questão de não convidar as companheiras de trabalho para atividades como: poker, happy hours, golfe, entre outros. Com os estigmas de serem atividades majoritariamente masculinas, isso faz com que as mulheres percam a oportunidade de construir relacionamentos, muitas vezes com os donos, CEOs e diretores da empresa, e assim perdem, mais uma vez, a oportunidade de dar o próximo passo em sua carreira.

Com isso, além de impedir seu crescimento, as mulheres se sentem de fora da rede estabelecida e não conseguem criar laços, dificultando que interajam e se comuniquem com os companheiros e líderes do sexo masculino.

Responsabilidades Familiares

Já não bastasse todos os estigmas e dificuldades para ascender profissionalmente, as mulheres também carregam nas costas a responsabilidade de cuidar da casa, família e filhos.

Essas preocupações e a sobrecarga de atividades, faz com que as mulheres tenham menos tempo para investir em seu desenvolvimento, e também limita a busca por posições de liderança.

As atividades familiares acabam sendo um grande empecilho, porque além do trabalho em tempo integral, as mulheres acabam sendo as responsáveis, por grande parte ou todas as responsabilidades domésticas, que muitas vezes incluem também cuidar de crianças, idosos e doentes.

Segundo o relatório da McKinsey, desde que a COVID-19 começou, as mães em relacionamento sério, onde os dois possuem trabalho fixo, tinham duas vezes mais chances de passarem horas por dia realizando trabalhos domésticos, além das horas já trabalhadas.

E se tratando de mães que trabalham, mesmo sabendo dessa desigualdade e da sobrecarga que atua sobre elas, onde as responsabilidades são muito maiores, o ambiente de trabalho acaba sendo igual para ambos os sexos, ou seja, as mulheres trabalham o mesmo tanto que seus parceiros e homens no geral, muitas vezes recebem menos e ainda sofrem com as cobranças tanto da empresa, quanto de casa.

O resultado disso tudo, além do desgaste emocional e físico é a falta de energia e motivação para se aplicar e pensar em ocupar cargos de liderança.

Como começar a mudar essa realidade: estratégias para combater os desafios

Diante de todas essas barreiras, pode parecer muito difícil se tornar uma líder, porém com as estratégias certas e força de vontade, poderemos juntas, mudar essa realidade.

Programas de Mentoria e Liderança Feminina

Participar de programas de mentoria e liderança feminina pode ser um primeiro passo para que as mulheres avancem em suas carreiras.

Os programas de liderança feminina são espaços para que as mulheres possam se desenvolver, conhecer outras mulheres, trocar experiências e assim, melhorar e se aperfeiçoar como líderes.

Na Mulheres do Comando, nós temos uma formação focada em líderes que desejam se aperfeiçoar, conhecer outras mulheres e assim se tornarem mentoras e transformar a vida de outras mulheres, através das suas experiências e vivências.

E para as mulheres que precisam de um novo rumo na vida, se sentem perdidas e gostariam de contar com a ajuda de outras mulheres, os programas de mentoria são uma ótima opção. E pensando nisso, criamos o Programa Protagonista, que oferece uma jornada de desenvolvimento para mulheres em busca de crescimento de carreira, e proporciona à elas a oportunidade de ter oito mentorias individuais, com grandes líderes mulheres que atuam em grandes corporações.

Comunique seus desejos de avançar na carreira

Nem sempre é fácil comunicar o que queremos e desejamos, porém se não formos claras sobre nossos objetivos e metas, nossos líderes não saberão. Então, se você almeja uma promoção ou ter um cargo de liderança na empresa onde atua, seja clara e deixe seu líder ciente disso.

Reuniões de 1:1, solicitações de feedback, proatividade, estar atenta para possíveis vagas e autoconfiança podem te ajudar a se comunicar de forma clara e expressar quais seus objetivos.

E antes das reuniões, também vale parar, refletir e responder algumas perguntas:

  • Quais os meus pontos fortes e fracos? O que posso e devo melhorar?
  • Onde quero estar daqui 1, 3 e 10 anos? Quais os meus objetivos de curto e longo prazo?
  • O que estou disposta a fazer para alcançar meus objetivos?

Além dessas perguntas que você pode e deve responder sozinha, vale também questionar o seu superior sobre:

  • Quais os pontos fortes e fracos você identifica em mim e em minha atuação? O que posso melhorar?
  • O que devo fazer para alcançar a cadeira desejada?
  • Como você pode me ajudar nessa caminhada?

Após a reunião, é importante que você crie suas estratégias e comece a trabalhar para que alcance o seu desejo profissional. Aproveite e deixe outras reuniões agendadas com seu líder, isso demonstrará seu interesse real e fará com que você possa contar com um acompanhamento mais de perto.

Incentive a Equidade de Gênero

Se você atua em uma empresa onde sente que faltam iniciativas e oportunidades para as mulheres, talvez você possa fazer a diferença e ser a pessoa a incentivar a equidade.

Para isso, tente ter como aliada a área de recursos humanos e busque também outras lideranças que possam te apoiar.

A criação de comitês pode ser de grande importância para discutir esses assuntos de equidade de gênero, inclusão e diversidade. Você pode se surpreender com a quantidade de mulheres que querem falar sobre o assunto, mas não encontram oportunidade.

Como ficou claro, o caminho não é curto e nem fácil, porém, trabalhando juntas, é possível termos cada vez mais mulheres na liderança e equidade de gênero nos ambientes de trabalho.

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