como conciliar maternidade e trabalho

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Maternidade e trabalho: quais são as políticas de parentalidade da sua empresa?

A relação entre maternidade e trabalho é um dos maiores desafios das mulheres em suas carreiras. Esse período repleto de desafios para todas, se torna ainda mais árduo com o peso da insegurança em relação ao trabalho e a carreira.

Por isso é tão importante que empresas de todos os segmentos e portes tenham políticas de parentalidade transparentes e sólidas, respeitando a lei, mas muito mais que isso, reconhecendo a potencialidade das mulheres mães e demais pessoas cuidadoras.

A junção da maternidade e trabalho pode ser difícil, mas é importante que toda a sociedade, especialmente as empresas, aprendam a lidar com esses desafios e forneçam condições de evolução na carreira para todas as pessoas, com equidade.  

Hoje vamos falar um pouco sobre os desafios das mulheres mães, sobre a legislação trabalhista em relação ao assunto e vamos conhecer algumas boas práticas para que a sua empresa possa começar a olhar para o tema da maternidade no trabalho.

O que diz a legislação sobre maternidade e trabalho?

A principal lei relacionada às mulheres mães no espaço de trabalho é a licença maternidade, que garante à mulher afastamento remunerado com duração de 120 dias para cuidar do bebê. 

A Receita Federal tem com o programa empresa cidadã, conheça aqui a lista das empresas que se comprometem a oferecer licença parental de até 6 meses. A licença maternidade pode começar até 28 dias antes do parto, quando é possível prever. 

A lei prevê que a pessoa pode se afastar do trabalho sem necessidade de justificativa por até 6 vezes durante o período de gestação, garantindo que possa fazer visitas aos médicos e exames.  Em caso de aborto espontâneo, a pessoa também tem o direito de 15 dias de afastamento remunerado, dependendo da indicação médica. 

A estabilidade provisória que dura desde o início da gravidez até o quinto mês após o parto, também está prevista no art. 391 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). Outro direito garantido é o de mudar de cargo ou função durante o período da gravidez quando a ocupação pode oferecer riscos à saúde da mulher.

Por fim, também é direito de qualquer mulher a privacidade em relação à gravidez. Quando em processo seletivo, a gestante não precisa mencionar gestação caso não queira. Nenhum exame ou atestado pode ser solicitado para admissão de funcionária. 

Mas, para algumas empresas mais conscientes, a maternidade é um diferencial super positivo para as mulheres. Já existem vagas afirmativas para elas e os depoimentos de mulheres sendo contadas grávidas estão se tornando mais comuns. Há esperança! 

Leia também: como criar comitês de gênero nas empresas

Principais dificuldades relacionadas à maternidade e trabalho 

Ter ou não ter um filho? Eis a questão. Para muitas mulheres, as questões relacionadas à maternidade e trabalho aparecem muito antes da real vontade de ter um bebê. Desde cedo as mulheres se questionam sobre como ter filhos poderia influenciar suas carreiras. 

Hoje em dia, muitas mulheres planejam ascender na carreira primeiro, para depois ter filhos. Esse planejamento faz sentido olhando para a realidade. Afinal, mesmo com a legislação a favor das mulheres, conforme pesquisa realizada pela FGV, 48% das mulheres são demitidas após a licença maternidade.

Mas a pesquisa mostra também que o número de demissões é mais baixo conforme aumenta a senioridade da função. Além da chance de demissão, as mulheres também ficam suscetíveis a salários mais baixos e menores chances de reconhecimento ou promoções.

Diante de tudo isso, qual é o papel das empresas nesse processo de facilitar a jornada de trabalho das mulheres mães?

7 boas práticas para facilitar a relação entre maternidade e trabalho na sua empresa

Desenvolver políticas de parentalidade e ações que auxiliem na inserção das mães, pais e demais cuidadores na empresa são formas de apoiar a equidade de gênero e também o bem-estar da criança dos primeiros meses de vida ou de chegada ao novo lar. 

Para além dos direitos conquistados, existem outras formas de garantir segurança, conforto e engajamento de mulheres mães dentro da empresa. Veja algumas práticas fazer da maternidade no trabalho deixar de ser um tabu:

Trate a parentalidade com a seriedade que o assunto merece

Se você é uma liderança dentro da empresa, incentive a conversa sobre o assunto, permita que as mulheres mães da equipe e outras pessoas cuidadoras tragam suas pautas e questões para dentro do time. 

Por outro lado, busque organizar o time de forma que a licença maternidade ou paternidade de uma pessoa membra da equipe não vá impossibilitar o trabalho de outras pessoas. Desenvolva processos que permitam uma saída e uma volta ao trabalho com a tranquilidade que essas colaboradoras precisam. 

Deixar a opção de home office em primeiro lugar

Especialmente nos primeiros meses de vida das crianças ou na adaptação à nova família, em casos de adoção, a presença física é importante tanto para mães, quanto para as crianças. Por isso, o modelo de trabalho em home office pode ser um grande aliado nesse momento.

Atualmente, só cerca de 15% das pessoas empregadas no Brasil trabalham no modelo de home office, mas os resultados do modelo devem fazer esse número crescer nos próximos anos. 

Nos casos em que o home office não é viável, as empresas podem pensar em outras políticas para facilitar a volta da mulher ao trabalho, como horários reduzidos ou folgas semanais.

Leia também: empresas mais inclusivas, equipes mais felizes

Oferecer um plano de reintegração após a licença maternidade

Depois de quatro ou seis meses afastada da empresa, muita coisa pode ter mudado até a volta da licença maternidade, por isso, é importante que na volta ao trabalho a empresa ofereça um plano de reintegração para a colaboradora. 

Para pensar nas melhores estratégias para criar este plano, é necessário conhecer a realidade da empresa e buscar responder às seguintes perguntas:

  • Como será a readaptação da profissional? Ela fará horário diferenciado? Ela vai participar de todas as reuniões ou cerimônias?
  • Como a profissional será informada das mudanças ocorridas? 
  • Quem será o responsável pelo seu acompanhamento na volta à empresa? 
  • Como será indicada a avaliação do desempenho profissional dessa colaboradora? 
  • Há algum treinamento que o profissional precisará fazer imediatamente?

Respondendo essas perguntas já fica mais fácil traçar um plano de retorno da licença maternidade para todas as mães. 

Investir em grupos de afinidades para mães

Se as mulheres precisam de espaços confiáveis e seguros para falar sobre suas questões, as mães, nem se fale. Todos nós sabemos que muitas habilidades essenciais para o mercado de trabalho florescem, parece que sem esforço, nas mães. Por exemplo: a criatividade e o controle das emoções valem por mil.

Os grupos de afinidades para mães ajudam a desenvolver as potencialidades das mulheres, ao mesmo tempo que permitem o compartilhamento de experiências e dificuldades da maternidade e do cuidado.   

Leia também: a importância de espaços seguros para as mulheres

Oferecer benefícios voltados para a criança

Os benefícios que a sua empresa já oferece podem ser ampliados para os filhos, como planos de saúde e bolsas de estudos. Outra prática desejável é oferecer aos pais e mães um auxílio creche, mesmo quando estão trabalhando em home office. 

Propiciar treinamentos e mentorias para as mulheres

Mesmo com as pautas da diversidade e inclusão e da equidade de gênero ganhando força nos debates corporativos, os homens ainda são 62% das contratações e promoções em primeira instância, conforme uma pesquisa realizada nos Estados Unidos. 

Se para as mulheres enfrentar essa discriminação já é difícil, após a maternidade a desvalorização profissional tende a piorar. Por isso, na Mulheres no Comando acreditamos que os treinamentos, e principalmente as mentorias, são excelentes aliadas das mulheres mães. 

Afinal, através de mentorias é possível desenvolver habilidades de forma mais rápida, além de promover um salto em relação ao autoconhecimento, o que traz vantagens para a empresa, para a profissional e para toda a família.  

Leia também: por que fazer programas intencionais para mulheres

Reconhecer a maternidade como uma qualidade 

O primeiro passo para todas as empresas talvez seja reconhecer a maternidade como uma potencialidade das mulheres. Depois de passar pela experiência transformadora de ter filhos, muitas mulheres se sentem mais altruístas e comprometidas com os projetos. 

Além disso, a maternidade costuma fazer as mulheres se virarem nos 30, com isso, a gestão de tempo das mamães com certeza é uma das melhores. Sem falar na responsabilidade adquirida através dessa aventura. 

Sem dúvida os caminhos da maternidade e trabalho podem se cruzar e trazer excelentes frutos para as mulheres, para as empresas e para as crianças. Se a sua empresa ainda não está de olhos abertos para essa questão, pode contar com a Mulheres no Comando para mudar isso. 

Reconheça os pontos fortes e fracos da sua empresa quando o assunto é equidade de gênero e prepare-se para transformá-la junto com a gente.

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