O mundo corporativo não está preparado para contratar ou manter contratos com mulheres mães, especialmente mães gestantes e/ou que ainda tem seus filhos com idade igual ou inferior a 3 anos de idade, e os dados nos mostram isso de forma escancarada! Entenda os desafios de conciliar maternidade e carreira.
Segundo dados do IBGE, o nível de ocupação entre as mulheres que têm filhos dessa idade (3 anos ou menos) é de 54,6%. Já olhando para os homens, a situação é completamente ao contrário, pois segundo os registros, o nível de ocupação é de 89,2%, que chega a ser superior aos 83,4% dos que não têm filhos nessa idade.
Ou seja, homens com filhos pequenos são mais contratados do que homens que não tem. Em contrapartida, mulheres já enfrentam a desigualdade de gênero em todos os âmbitos de vida, especialmente o corporativo apenas por serem mulheres, e quando se tem filhos, isso acaba se tornando mais um impeditivo.
Por que isso acontece?
Porque a mulher ainda é vista como dona de casa, onde sua maior obrigação é ser mãe, esposa e não provedora, já que o machismo patriarcal concedeu aos homens a função do provedor e decisor dentro e fora do seu lar.
O desemprego atinge mais as mulheres do que os homens historicamente falando, e na pandemia isso se agravou, uma vez que muitas mulheres tiveram que deixar o mercado de trabalho para cuidar dos filhos por conta do fechamento de escolas e creches.
E mais uma vez, elas tiveram que abrir mão de suas carreiras pois o maior salário da casa recorrentemente é do homem, obviamente por uma construção social machista. Dessa forma, muitas tiveram que se reinventar e empreender de forma menor, e dentro dos horários disponíveis da sua dupla ou tripla jornada.
Como as empresas podem se preparar?
Um outro estudo feito pelo Departamento de Pesquisa da Editora Globo, com mais de 2.800 mulheres mostra que 94% das mulheres sentem dificuldades para conciliar maternidade e carreira.
Seja na contratação de uma mãe, no momento em que ela anuncia sua gravidez ou adoção, na licença maternidade e/ou na volta dela, é importante que além de falar sobre empatia, criar planos de ação. Veja abaixo alguns problemas e suas soluções.
- Discriminação na gravidez
Ser discriminada por estar grávida é algo infelizmente mais comum que possamos imaginar, coisas como:
- Redução da carga horária trabalhada para diminuir o salário
- Descontinuidade no processo seletivo
- Comentários agressivos sobre as ausências por conta das consultas
- Diminuição de responsabilidades de forma não consentida
- Demissão sem justa causa após anúncio da gravidez
É importante entendermos que as mulheres que estão grávidas não têm sua capacidade cognitiva diminuída. O ideal é que a empresa converse com a mulher em questão, alinhe expectativas, entenda que gravidez é só mais uma fase da vida dessa profissional e que haja transparência dos dois lados.
- Licença maternidade vs Licença Paternidade
Dentro das empresas a lei que prevê 180 dias de licença maternidade normalmente costuma ser seguida, pois acarreta em multas altíssimas para a empresa, além de grandes problemas jurídicos. Porém, a licença paternidade já não segue essa obrigatoriedade, o que diminui a responsabilidade do homem ao criar os filhos.
Reforçando o estigma de que o homem é provedor e a mulher é apenas dona do lar. O ideal é que os homens tivessem essa paridade dentro das corporações. Grandes empresas como a Nubank já adotam esse tipo de iniciativa e promovem mais equidade de gênero dentro da cultura empresarial.
- Exclusão social
É comum que ao voltar a sua rotina, a mulher sinta-se um pouco fora da zona de conforto, pois ocorreu uma grande mudança na vida pessoal que atinge a profissional e com isso a exclusão de papéis que antes ela exercia, são deixadas de lado sem aviso prévio.
Então acabam não sendo mais incluídas em happy hours, viagens de trabalho, grandes projetos por taxarem que ela não conseguirá equilibrar seus papéis sociais, além do papel de ser mãe. O que mina sua ascensão e prejudica sua autoconfiança.
- Trabalho presencial
O trabalho pós pandemia se tornou algo muito menos visado. Pensando em uma mulher que se tornou mãe recentemente, isso é um dos grandes fatores para que ela abra mão do seu serviço por alguns fatores importantes:
- Falta de vagas em creches e escolas
- Falta de auxílio creche nas corporações
- Rede de apoio limitada ou inexistente
- Medo de perder o crescimento do seu filho
É comum que ao voltar ao modelo presencial, as mulheres tenham mais medos e receios de onde, e com quem deixar seus filhos. O modelo híbrido é uma ótima solução para quando não há possibilidade de se ter um modelo totalmente remoto.
Além da flexibilização dos horários, levando em consideração que a rotina dessa mulher mudará por completo depois da chegada de um filho.
O que as mães apresentam de diferencial dentro das corporações?
Uma pesquisa realizada pela Microsoft com 2 mil funcionárias e 500 empregadores, nos Estados Unidos, indica que mulheres com filhos desenvolvem habilidades que a ajudam a serem profissionais ainda melhores por conciliarem suas carreira com a maternidade. Veja alguns a seguir:
- Proatividade
Ser mãe é lidar com múltiplas tarefas ao longo da semana. São cozinheiras, enfermeiras, psicólogas, faxineiras, costureiras e assim por diante. Mesmo quando se tem o apoio devido de seus pares e familiares, ainda sim é natural que ela tenha muitas coisas para resolver, como marcar médico, estipular horários para a rotina dela, da casa, do filho e etc.
Então é natural que sejam assim também dentro de suas empresas, buscando novas saídas, trazendo resoluções de problemas de forma eficaz e estejam acostumadas com um ritmo mais acelerado, ajudando assim toda a corporação.
- Criatividade
Da mesma forma que essas mulheres têm múltiplas tarefas, é natural que sempre surjam desafios para resolver. Dentro da vida de mãe é necessário ter criatividade para entreter seu filho enquanto se está numa reunião de negócios, ajudar com seus deveres de casa, improvisar camas e travesseiros para as sonecas e etc.
Isso dentro das empresas se estende de forma positiva, assim possibilitando que ela encontre formas de estender o aproveitamento dos insumos da empresa e também, as respostas tendem a ser mais práticas para que a execução seja leve e dê bons resultados, o improviso vira rotina e ela acaba se desenvolvendo muito mais.
- Motivação
Sabemos que maternidade não é algo barato, além dos custos naturais com vestimentas, residência, brinquedos e afins, ainda há muitas vezes a preocupação de oferecer um ensino de qualidade, cursos, além de babás para que ela consiga tirar um tempo para si quando possível.
E sabemos que por mais que alguém ame o que faz, um dos maiores motivadores é ter seu salário para conquistar suas necessidades e sonhos. Uma profissional mãe tem motivação de sobra para executar suas funções de forma exemplar, querer ascender em sua carreira trazendo assim mais conforto para si e sua família.
- Responsabilidade com entregas e resultado
Novamente, ser mãe é algo que exige muita responsabilidade, afinal um ser humano depende exclusivamente de você para viver, crescer e conhecer a vida. Não há nada mais incrível e ao mesmo tempo pavoroso que pensar que você está desenvolvendo um bebê que um dia terá sua própria vida, escolhas e ações.
Dessa forma, é natural que a mulher que é mãe olhe para suas responsabilidades dentro de sua empresa e as execute da forma mais séria possível, focando em bons resultados e entregas em prazos acordados.
Claro que aqui não estamos dizendo que mulheres que optam ou não conseguem ter filhos não são responsáveis e não tenham adjetivos suficientes para se manterem em suas áreas, mas queremos ressaltar que a maternidade afeta a carreira de uma forma tão complexa que o olhar dessas mulheres tendem a mudar muito.
Falando como mãe, sei que tudo muda quando se tem um filho, as prioridades, os sonhos, aumenta-se o medo, mas a alegria também. E agora gostaríamos de ouvir de você o que acha importante para que a maternidade e carreira andem em sincronia?
Conte para gente aqui nos comentários!