Artigo: Carreira feminina e o desafio do primeiro emprego

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Carreira feminina e o desafio do primeiro emprego

Na busca pelo primeiro emprego, o caminho pode ser difícil, especialmente para as pessoas mais jovens, ainda sem experiência e sem os contatos que fazem a diferença no universo corporativo. 

Recentemente, o LinkedIn divulgou o guia para recém formados 2023, um documento que traz diversos insights sobre o mercado de trabalho atual, em especial para as pessoas que estão em busca do primeiro emprego. 

Olhando para isso, resolvi trazer algumas contribuições que ajudam a encarar esse cenário com uma perspectiva de gênero. Vamos nessa? 

Cenário do mercado de trabalho para pessoas recém-formadas

Conforme dados do LinkedIn no Brasil, a taxa de contratação diminuiu 15,8% em para os profissionais com diploma de bacharel, 23,6% para quem tem um MBA e 15% para o público geral, em comparação com o ano passado. Esses dados são de janeiro de 2023 e consideram o número de usuários da plataforma que atualizaram seus perfis com novos empregos.

Em 2020, conforme o IBGE, o desemprego era a realidade de cerca de 14% da população. Para jovens de 18 a 24 anos, inclusive os recém-formados, o cenário é ainda pior, somando quase 30%. 

Os dados se confirmam com a pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), que entrevistou 2 mil recém-formados entre 2020 e 2021.

Em até um ano após a formação, 48,82% das pessoas recém formadas estavam em ocupações formais, 10,86% trabalhavam como profissionais liberais, 2,77% como empresários e 2,82% estavam na informalidade, totalizando 69% das pessoas.

Paralelo a isso, precisamos considerar que as mulheres são, cada vez mais, maioria nas universidades. O Censo da Educação Superior 2020, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e pelo Ministério da Educação (MEC), mostrou que naquele ano, 518.339 mulheres concluíram a graduação. Entre os homens, foram 359.890. 

Mas as áreas de atuação seguem em desequilíbrio. Nos cursos de Computação e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), as mulheres representam  apenas 13,3%, nas Engenharias e profissões relacionadas, elas são 21,6%.

Leia também: desigualdade salarial, por que os homens ainda ganham mais que as mulheres? 

Carreiras em alta para quem busca o primeiro emprego

Conforme o guia divulgado pelo LinkedIn, funções ligadas à educação, área jurídica e aos serviços sociais e comunitários foram as que mais absorveram recém-formados com um diploma de bacharel. 

Na área da educação, as contratações cresceram 24,7% em 2023, em especial para ocupações de professores e coordenação educacional. As vagas voltadas para serviços sociais e comunitários cresceram 15,6%, em especial para posições de análise fiscal e ambiental. Já para pessoas recém-formadas em direito, as oportunidades cresceram 22,2%.

Esses dados trazem boas notícias para as mulheres em início de carreira, afinal, elas estão bem representadas nas três áreas de formação que mais cresceram em número de vagas em 2023.

Leia também: GenZ e o impacto das gerações na discussão de equidade de gênero

Principais desafios das mulheres no primeiro emprego

A discriminação de gênero está presente em todos os momentos da carreira das mulheres no mercado de trabalho, mas os impactos dessa discriminação podem se intensificar quando falamos da busca pelo primeiro emprego. 

São diversos os fatores que podem tornar essa busca ainda mais desafiadora e demorada para mulheres, afinal, a discriminação de gênero persiste em diversos setores.

As oportunidades profissionais para mulheres acabam sendo mais escassas em função do seu gênero. Podemos observar isso nos relatos de profissionais mulheres e até mesmo no posicionamento de algumas pessoas recrutadoras. 

Não são incomuns entrevistas de emprego com questionamentos fora do escopo da oportunidade, como perguntas sobre planejamento familiar e maternidade. Vale lembrar que este tipo de questionamento raramente é endereçado a candidatos homens. 

Um estudo da Catalyst destaca a forma como estereótipos de gênero influenciam a percepção das empresas sobre as habilidades de candidatas mulheres, que mesmo quando mais qualificadas, tendem a não ser escolhidas para funções vistas como “tradicionalmente masculinas”.

Outro ponto a se levar em consideração é a falta de representatividade feminina em diversos setores e, especialmente, em posições de liderança. De acordo com uma pesquisa da McKinsey & Company, a sub-representação das mulheres em cargos de liderança reduz as oportunidades para as mulheres que estão em busca do primeiro emprego, mesmo em empresas que valorizam a equidade de gênero como objetivo organizacional.

Leia também: vagas afirmativas, o que são e qual a sua importância

Competências que o mercado está de olho

Algumas competências podem ajudar mulheres a se destacarem independente de sua área de formação e atuação. Para as primeiras oportunidades de emprego, o termo “habilidades analíticas” apareceu em mais de 57 mil anúncios de vagas entre Janeiro de 2022 e Março de 2022, conforme o Guia para Recém Formados do LinkedIn. 

As habilidades analíticas consistem, basicamente, na capacidade de coletar, analisar, interpretar e extrair insights que podem resultar em soluções criativas e inovadoras que estejam embasadas em dados reais.

Outras competências técnicas como domínio de Excel e análise de dados também aparecem em destaque. Cursos de Excel básico e análise de dados do LinkedIn Learning estão disponíveis gratuitamente por um tempo limitado, ter esses certificados no LinkedIn pode potencializar o seu perfil.

Além das habilidades técnicas, as chamadas soft skills também são buscadas por muitas organizações. Entre elas, as competências relacionadas à comunicação, trabalho em equipe, flexibilidade e liderança se destacam.

Conselhos para mulheres buscando o primeiro emprego

É a partir das primeiras oportunidades de trabalho que as carreiras começam a se desenhar e as novas oportunidades tendem a surgir. Por isso, separei algumas dicas para mulheres que estão buscando pelo primeiro emprego: 

Destaque suas habilidades e conquistas

Mesmo sem experiência profissional anterior, seu currículo pode destacar as habilidades que você já possui. Lembre-se de divulgar suas experiências acadêmicas relevantes, projetos e conquistas. Atualmente, a habilidade de comunicação se tornou essencial, por isso, demonstre sua habilidade de escrita, expressão verbal e escuta ativa, no currículo e nos processos que participar.

Desenvolva uma rede de contatos e seja proativa

Esta talvez seja a maior dica para qualquer profissional em início de carreira: construa e cultive sua rede profissional. Algumas formas de fazer isso são: participar de eventos presenciais ou de grupos temáticos nas redes sociais, em especial, no LinkedIn. Além disso, não espere que as oportunidades cheguem até você. Busque ativamente vagas que combinem com você, seja persistente e não desanime com as eventuais rejeições. 

Busque mentoras na sua área

Especialmente no início da carreira, é importante ter pessoas mais experientes ao lado. Você pode buscar por pessoas bem colocadas em sua área de interesse e solicitar uma conversa ou até mesmo uma orientação de carreira. Ninguém melhor que uma pessoa que já está atuando na área para compartilhar insights valiosos e oferecer conselhos de carreira.

Mantenha-se atualizada e confie em si mesma

O aprendizado nunca acaba, por isso, é sempre importante estar aberta para acompanhar as mudanças em seu campo de atuação, além disso, estando atualizada, a sua autoconfiança também tende a aumentar. Confie em si mesma e nas habilidades que possui, seu momento está chegando! 

Não esqueça que a Mulheres no Comando está de portas abertas pra você! Participe dos nossos eventos e conecte-se com pessoas que podem fazer a diferença na sua carreira. Nos vemos em breve!

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