Práticas para o S da ESG

Práticas ESG: como trabalhar o S com responsabilidade?

As práticas ESG (Ambiental, Social e Governança) são ações planejadas para abordar questões ambientais, sociais e de governança de forma integrada dentro das organizações, buscando um equilíbrio entre lucro e o impacto positivo nas pessoas e no planeta.

Essas práticas podem variar de acordo com a indústria, o tamanho da empresa e as circunstâncias específicas, mas sempre são pensadas para o bem coletivo. Dentro dos três fatores, o campo social é o que mais carece de atenção porque depende de mudanças estruturais e de mentalidade.

O episódio do podcast Diálogos de Equidade da semana fala sobre “como fortalecer do S do ESG” e conta com a presença da Andrea Bocabello, do Grupo Fleury e da consultora de projetos do WoMakersCode, Solange Feliciano. Se você ainda não ouviu, corre lá! 

Mas, afinal, o que é ESG?

O termo ESG foi criado em 2004, em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada “Who Cares Wins”. No documento, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, provocou os CEOs de grandes instituições financeiras a integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais.

A partir daí, ações voltadas para questões ambientais, sociais e de governança passaram a ser incentivadas em diferentes tipos de organizações. Para o mercado como um todo, ter boas práticas ESG significa ser uma empresa comprometida com seus consumidores, fornecedores, colaboradores, investidores e com a sociedade como um todo.

Ambiental (Environmental)

Boas práticas ambientais referem-se à relação com o uso de recursos naturais, emissões de gases de efeito estufa, conservação da biodiversidade, eficiência energética, gerenciamento de resíduos, entre outros. 

Atualmente, a sustentabilidade já está contemplada em diferentes leis brasileiras, o que contribui para que esteja integrada na realidade dos negócios. 

Social

Já no âmbito social, o olhar é voltado para as políticas e práticas relacionadas ao bem estar de colaboradores, clientes, comunidades locais e da sociedade em geral. 

É neste espaço que se incluem os trabalhos de diversidade e inclusão, direitos humanos, saúde e segurança no trabalho, relações trabalhistas, engajamento com a comunidade e responsabilidade social corporativa.

Governança (Governance)

As boas práticas de governança estão ligadas à composição do conselho de administração, remuneração dos executivos, transparência nas operações, gestão de riscos e ética empresarial. Olhar para essas questões é importante para garantir a integridade do negócio e transmitir confiança aos investidores e clientes.

Recentemente, a comprovação de conformidade com esses fatores têm se tornado obrigatória, especialmente para as empresas que buscam investimento do exterior.

Leia também: a importância da equidade de gênero nas empresas

Papel das empresas na mudança social

As empresas são espaços de conexão, não só para colaboradores e stakeholders, mas para toda a comunidade, com isso, as marcas passam a ser atores fundamentais para a mudança de paradigmas sociais. 

Entre as formas como as empresas podem atuar por uma sociedade mais justa estão: 

  • Educação interna e para os consumidores sobre temas importantes socialmente;
  • Práticas de contratação inclusivas, ações afirmativas e aderência a programas de aprendizagem; 
  • Investimento em comunidades locais, promovendo a distribuição de conhecimentos e renda;
  • Promoção de direitos humanos e trabalho digno, respeito à CLT e oferta de benefícios;
  • Parcerias e colaborações com organizações não governamentais, instituições acadêmicas, governos e outros atores;
  • Influência política e advocacy pela defesa de políticas públicas que promovam a igualdade, justiça social, sustentabilidade e outros temas relevantes para a sociedade.

Leia também: vagas afirmativas, o que são e qual a sua importância

Qualquer organização pode contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável, realizando ações genuínas e integradas à estratégia de negócio.

Investir em um trabalho de ESG é sobre contribuir para mudanças efetivas da sociedade. Ações esporádicas ou apenas com apelo de marketing devem ser reavaliadas. Além de não contribuírem para o negócio, esse tipo de ação pode até mesmo trazer danos à imagem da instituição.

Práticas ESG e como fortalecer o S de social 

Antes de começar a investir em práticas ESG para cumprir metas, é importante olhar estrategicamente para a questão de responsabilidade social corporativa, em especial para a diversidade, inclusão e equidade na organização. Para ter sucesso nessa empreitada, é importante seguir os passos: 

Diagnosticar

Realizar um diagnóstico é o primeiro passo para a criação de um planejamento de ações e metas que possam contribuir com os compromissos sociais. Esse momento exige uma percepção crítica do próprio negócio e abertura para receber sugestões do quadro de pessoas colaboradoras e da comunidade. 

O processo de diagnóstico auxilia a organização a compreender o impacto que sua operação têm. É o momento de criar e analisar métricas de diversidade e inclusão, compreender as ações de segurança física e psicológica no ambiente de trabalho, avaliar sua cadeia de fornecedores e demais parceiros de negócio e revisar programas internos. 

Planejar 

As práticas e compromissos sociais devem ser integrados à estratégia de negócios e serem genuínos, visando a criação de valor compartilhado para a empresa e a sociedade como um todo.

Estabelecer objetivos estratégicos é fundamental para que as ações realizadas dentro da organização não sejam em vão. Além disso, com um apelo vindo das posições mais altas da empresa costumam ter mais peso. 

O planejamento de fortalecimento das questões de diversidade, inclusão e equidade, que são parte fundamental do fortalecimento do S do ESG, visam definir os primeiros pontos focais. 

Executar 

Tendo uma estratégia definida e alinhada, é hora de começar a comunicar efetivamente o compromisso da empresa em relação às questões ESG, para dentro e para fora. Com o andamento das ações, também é importante metrificar. 

Como em qualquer espaço corporativo, as ações de responsabilidade social podem e devem se alterar conforme a realidade do negócio e os avanços sociais. Por isso, cada empresa precisa olhar para si e assim executar ações de forma inteligente.

Paradoxo da tecnologia como solução

Tratar do papel social das empresas é também pensar no uso ético e responsável da tecnologia. Afinal, o avanço tecnológico traz preocupações com privacidade, vício, segurança de dados e até mesmo impacto no meio ambiente. Se essas questões não forem abordadas adequadamente, a tecnologia pode acabar gerando novos problemas. 

Atualmente, a tecnologia proporciona soluções para quase tudo, mas para usufruir disso, é necessário ter acesso. Enquanto por um lado a tecnologia tem o potencial de impulsionar o desenvolvimento econômico e social, ela também pode acabar aumentando o abismo social já existente no país. 

Em 2021, 7,28 milhões de famílias brasileiras não tiveram acesso à internet, conforme o IBGE. Entre os motivos para essa exclusão digital, o principal (47%) foi não saber usar. A exclusão digital é um problema significativo, especialmente em áreas rurais e comunidades de baixa renda, onde a conectividade à internet e o acesso a dispositivos tecnológicos são limitados. 

Em uma sociedade onde tudo se resolve através de uma tela, enquanto algumas pessoas têm oportunidades proporcionadas pela tecnologia, outras são deixadas para trás. 

Aqui na Mulheres no Comando, nosso objetivo principal é sensibilizar e advogar pela questão da equidade de gênero. No entanto, é importante sempre lembrar que olhar para questões como a equidade de gênero em posições de liderança é um dos passos para um mercado de trabalho mais igualitário e saudável, não o único.

Se você precisa de ajuda para começar a trilhar esse caminho no seu negócio, pode contar comigo e com a Mulheres no Comando! Vamos juntos?

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