Masculinidade tóxica: o que você precisa saber sobre isso

O que é masculinidade tóxica? Existe alguma versão não agressiva? Leia mais e descubra!

Seja homem de verdade!

Essa é uma daquelas falas que fazem parte da nossa cultura e que precisamos falar sobre, afinal, o que é que ela significa? Falar sobre os aspectos da masculinidade é tão importante quanto discutir o papel das mulheres na sociedade porque apenas dessa forma teremos uma compreensão melhor do todo.

Qual é o impacto da masculinidade tóxica?

Segundo o documentário o Silêncio dos Homens, hoje eles representam 83% das vítimas de mortes por acidentes e homicídios, cometem suicídio 4x mais que as mulheres e representam 95% da população prisional.

Esses dados retratam um pouco das consequências que existem pela criação de um modelo de masculinidade hegemônica que tradicionalmente defendeu valores como a agressividade e a invulnerabilidade, e que se posicionou como detentor do poder e da palavra acima das mulheres.

A masculinidade tóxica está relacionada aos comportamentos nocivos comummente associada aos homens, que vem de um espaço de medo, dominação, controle e violência. Um exemplo disso é aquele homem que acredita que pode determinar aspectos da vida da mulher, como se vestir, se portar e acredita que ela tem que seguir suas determinações.

Existe uma masculinidade não nociva?

É muito importante fazer uma distinção destes comportamentos para masculinidade que pode ser muito ampla, rica e maravilhosa, assim como a feminilidade. Assim esse aspecto tóxico é apenas uma camada criada desnecessária e é muito importante compreender os principais pontos que podem levar a esses comportamentos nocivos. Eis alguns exemplos destas convenções que impregnaram a sociedade e atrapalham o caminho para torná-la mais justa.

  • Homem não chora

É muito normal que durante sua infância e adolescência, um menino ouça com frequência lições sobre o que é ou o que não é “coisa de homem”. De “homem não chora” a “engrossa essa voz”, os jovens em formação vão incorporando a máscara que a sociedade espera que eles vistam, gerando uma ansiedade constante sobre “precisar provar sua masculinidade o tempo todo”.

Poder se mostrar de uma  vulnerável e sincera é algo muito importante para qualquer ser humano, afinal todos temos sentimentos e no processo de lidar com eles precisamos ter ambientes seguros em que essa pessoa sinta que tem segurança psicológica ao se expor, se quando um garoto adolescente se expõe e é duramente reprimido pelo ambiente ao seu redor ele não aprende a lidar com esse sentimentos e muitas vezes os transforma em outros comportamentos como a violência.

Desta forma, os meninos são treinados a esconder suas emoções e a rejeitar todas as qualidades que são vistas como “femininas”, como a sensibilidade, o acolhimento, a intimidade com colegas e até mesmo o gosto pelas artes.

  • Legitimação pela força física

Já que a expressão de sentimentos é algo fora dos limites para os “homens de verdade” a forma de se expressar e resolver conflitos vai acontecer pela raiva e violência. Para mim era muito comum ver dois garotos brigando na rua e ninguém intervir falando: Ah deixa eles, é coisa de menino.”

O problema disso é que a violência se torna a principal expressão para lidar com medos, receios, inseguranças, sem que seu papel como homem seja questionado e isso tem um impacto direto  e muito prejudicial, especialmente para as mulheres. Não à toa no Brasil a cada minuto 25 mulheres sofrem com a violência doméstica.

  • Como não vai querer sexo? Você é homem!

A ideia de virilidade do homem de forma extensiva também é algo muito nocivo e que precisa ser discutido, nesse aspecto os homens precisam sempre estar à disposição e jamais recusar qualquer oportunidade de sexo senão sua sexualidade pode ser questionada.

Isso começa na adolescência já que 21% dos garotos entre 13-17 anos apontam acessar pornografia todos os dias, segundo o documentário “The mask you live in”. Isso é um fato preocupante porque distorce a percepção do sexo para os homens e como lidar com isso em suas vidas adultas.

Então de forma resumida, as crenças associadas ao “Ser Homem” contribuem diretamente para que pensamentos e comportamentos machistas possam ser perpetuados. Se nosso intuito é gerar uma sociedade mais justa e igualitária, então não basta apenas empoderar e dar voz às mulheres, precisamos também ressignificar esses aspectos da masculinidade para que possamos construir um ambiente que seja saudável para ambas as partes.

Vamos juntos?

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