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Relatório do Fórum Econômico Mundial: análise sobre o gap de gênero

Você sabe o que significa o termo “gap de gênero”? Trata-se da disparidade entre os gêneros vista sob o ângulo que contempla diversos aspectos, como participação no mercado de trabalho, representatividade em cargos de liderança e acesso à saúde e educação.

O Fórum Econômico Mundial divulga, anualmente, o relatório Global Gender Gap Report, que analisa a fundo dados bastante relevantes sobre a questão da disparidade entre gêneros. O relatório deste ano (2022), divulgado no dia 13 de julho, se inicia com o prefácio de Saadia Zahidi, diretora-gerente do Fórum Econômico.

Nele, a diretora afirma que meninas e mulheres estão perdendo o acesso a oportunidades, e que esse cenário pode se estender para os anos seguintes. Durante o prefácio, ainda, é enfatizada a ideia de aceleração da paridade, que deve ser parte das agendas públicas e privadas.

Segundo o relatório, se o progresso em direção a paridade de gênero continuar do mesmo modo como ocorreu entre os anos 2006 e 2022, sem apresentar mudanças ainda mais significativas, a lacuna mundial demorará 132 anos para ser preenchida.

Será que as mulheres podem esperar tanto tempo?

Nas últimas décadas, é fato que mais mulheres migraram para o trabalho remunerado e para posições de liderança, porém ainda diversos fatores vão de encontro a esse aumento e inviabilizam o crescimento de oportunidades de acesso das mulheres a condições de vida e de trabalho mais favoráveis.

O relatório de 2022 serve como uma ferramenta para que os líderes incluam ações individuais e coletivas em prol de priorizar a participação de mulheres dentro de suas agendas.

Porquê o Relatório de gap de gênero é feito

Em meio às crises do ano de 2022, como o aumento do custo de vida e a pandemia que ainda se estende, a paridade de gênero é um tema que fica estagnado, lutando para encontrar espaço para ser discutido e raramente visto como prioridade.

O Global Gender Gap Report deste ano se propõe a ser uma ferramenta para líderes identificarem áreas que necessitam de ações como proteção social e no trabalho, prover infraestrutura de saúde adequada e aumentar a representatividade da mulher em cargos de liderança em empresas e corporações.

Key Findings: as quatro dimensões do relatório do Fórum

Através de quatro dimensões nomeadas de Key Findings, o relatório analisa os resultados de 2022, comparando o total de 146 países. Desses, 102 países têm sido reportados nas edições dos Relatórios desde 2006, fornecendo uma vasta comparação de dados.

As quatro dimensões consideradas no relatório, são:

  1. Economic Participation and Opportunity (Participação e Oportunidade Econômica);
  2. Educational Attainment (Nível educacional);
  3. Health and survival (Saúde e Sobrevivência);
  4. Political Empowerment (Empoderamento político).

Neste ano, a 16ª edição do relatório traz uma análise mais robusta, comparando as pontuações de 0 a 100 para cada país, números que podem ser interpretados como a distância coberta em direção à paridade de gênero.

Os dados obtidos a partir da análise das quatro dimensões incluem o índice de resultados de 2022, análise de tendência da trajetória em direção a paridade e mergulhos profundos em dados por meio de novas métricas.

Alguns resultados importantes extraídos do relatório deste ano:

  • Apesar de nenhum país ter atingido a paridade de gênero total, as 10 primeiras economias mundiais fecharam com a porcentagem de pelo menos 80%.
  • Baseado na evolução da média mundial de pontuações, com a atual velocidade de progresso, levará 155 anos para fechar a disparidade do parâmetro de Empoderamento político, 151 anos para Participação e Oportunidade econômica, e 22 anos para anular a diferença de Nível educacional.
  • Nos países analisados, o gap de gênero em Saúde e Sobrevivência foi reduzido em 95,8%, o Nível educacional em 94,4%, Participação e Oportunidade econômica em 60,3% e Empoderamento político em 22%.

Como o Brasil está em termos de gap de gênero?

No ranking mundial, o Brasil está na 94ª colocação segundo os parâmetros do relatório. Para se ter uma ideia, o pior país colocado no ranking é o Afeganistão, que está em 146ª.

Nosso país possui a população feminina de aproximadamente 108.1 milhões de mulheres, e a maior mudança significativa analisada pelo Relatório em 2022 foi a participação econômica, ligeiramente melhor que no ano anterior, em 2021

Em comparação com os vizinhos da América Latina, o Brasil está em uma posição ruim: a Argentina está em 33º, Guiana em 35º, Peru e 37º, Bolívia em 51º, Uruguai (72º), Colômbia em 75º e Paraguai em 80º.

Já a participação de mulheres em cargos políticos diminuiu 1%, enquanto a participação dos homens na mesma categoria aumentou proporcionalmente.

Melhores e piores colocações no ranking

Pelo 13º ano consecutivo, em 1º lugar no ranking está o país insular nórdico Islândia, que é o único que fechou em 90% seu gap de gênero. Em segundo, está a Finlândia (86%) e, em terceiro, a Noruega (84,5%).

Em termos de região, a América do Norte lidera com os melhores índices, fechando em 76,9% seu gap de gênero, seguida pela Europa, que fechou em 76,6%. O sul da Ásia teve o pior desempenho, fechando em 62,4%.

Talvez nós tenhamos muito a aprender com países em boas colocações no relatório, porém, é impossível não levar em conta o contexto da questão de paridade de gênero no Brasil.

Existe um longo caminho a percorrer, ainda mais no atual cenário em que o mundo está inserido, no qual crises multifacetadas dominam realidades. Sendo assim, cabe dentro de cada cenário a tentativa de eliminar a desigualdade de gêneros do jeito que é possível.

Por exemplo, ações de grandes empresas devem fazer parcerias com as menores e com lideranças femininas individuais para aumentar a representatividade feminina do mercado de trabalho, a fim de estimular a potência de mulheres e fazer do mundo um ambiente afável a elas.

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